Quem foi Lélia Gonzalez

Lélia Gonzalez (1935–1994) foi uma das mais importantes intelectuais e ativistas do Brasil, destacando-se como pioneira do feminismo negro e na luta contra o racismo e o sexismo. Nascida em Belo Horizonte, filha de uma empregada doméstica negra e de um ferroviário espanhol, Lélia enfrentou desde cedo as adversidades do racismo estrutural brasileiro, experiência que moldou sua trajetória acadêmica e política.

Filósofa, antropóloga e professora, Lélia lecionou em instituições como a PUC-Rio e a UERJ, além de ser uma voz fundamental nos movimentos negro e feminista. Ela ajudou a fundar o Movimento Negro Unificado (MNU) e participou de eventos internacionais, trazendo à luz o conceito de “amefricanidade”, que aborda as interconexões culturais e políticas entre os povos da diáspora africana nas Américas. Em seus escritos, como o ensaio “Racismo e Sexismo na Cultura Brasileira” (1983), Lélia desafiou o mito da democracia racial e destacou o impacto combinado do racismo e do sexismo na sociedade brasileira.

Outro marco de sua obra é o termo “pretuguês”, usado para descrever a influência africana na língua e cultura brasileira. Politicamente, ela esteve envolvida em partidos como o PT e o PDT, defendendo pautas relacionadas à igualdade racial e de gênero.

A relevância de Lélia está sendo resgatada por projetos como o livro Por um Feminismo Afro-Latino-Americano e iniciativas que valorizam sua contribuição à história do Brasil e da América Latina, reafirmando sua posição como uma figura essencial na luta por justiça social e reconhecimento cultural no país